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Entrevista | Dário, Antídio e Celso falam para eles mesmos e sem ânimo, critica Pinho Moreira

Por: Marcos Schettini
21/06/2021 14:59
Fábio Queiroz/Agência AL

Ex-governador de Santa Catarina, o médico Eduardo Pinho Moreira concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini após se recuperar do coronavírus. Contaminado mesmo imunizado, o líder do MDB conta que os sintomas apareceram 40 dias depois da segunda dose de Coronavac.

Diante do grave cenário da pandemia pelo qual o Brasil atravessa, Pinho Moreira falou sobre a utilização de medicamentos no tratamento do vírus e teceu críticas ao Governo de Jair Bolsonaro. Ainda, comentou do racha interno no MDB catarinense e afirmou que as reuniões da sigla são “frias e esvaziadas”. Também, disse que o partido está sem líderes com consistência e preparo. Confira:


Marcos Schettini: O senhor foi vacinado, depois contaminado e internado. Qual a lição disso?

Eduardo Pinho Moreira: Meus sintomas apareceram 40 dias após a segunda dose da Coronavac e minha convicção é de uma doença ainda desconhecida, invisível, altamente contagiosa e que a vacina é instrumento de proteção eficaz e absolutamente necessária para erradicação da doença. Não impede o contágio, mas minimiza os sintomas. No meu caso poderia ser mais grave, apesar dos 6 dias na UTI.


Schettini: Por que os membros do Governo Federal ignoram a doença e facilitam remédios ineficazes?

Pinho Moreira: Existem fatores combinados: desconhecimento, ansiedade, medo, 15 minutos de fama, ignorância do presidente e assessores, populismo, enfim, tudo condenável do ponto de vista da ciência. Então surgiram fórmulas “milagrosas” que foram testadas e usadas no início da pandemia. Eu não os usei, segui as orientações dos profissionais que me trataram e não me arrependo. Hoje os médicos que trataram e tratam os pacientes na beira do leito, tem larga experiência e devem ser ouvidos e seguidos.


Schettini: O Sr. como médico, o que pensa em relação aos remédios que, cientificamente, não tem efeito curativo?

Pinho Moreira: Exames clínicos, laboratoriais e de imagem mostram a evolução da doença com bastante precisão, determinando quais os medicamentos e procedimentos devem ser utilizados em cada caso e ocasião. Profissionais da saúde devem ter a liberdade de prescrição e é dever dos governos ter esses medicamentos à disposição para uso, em todos os níveis de atendimento. Sem essas invenções e crenças jogadas nas mídias e redes sociais.

Schettini: O que está acontecendo com o MDB de SC na questão 2022 e a divisão interna?

Pinho Moreira: Meu MDB cometeu um erro e está com dificuldades em reconhecê-lo, quando aprovou a realização de prévias num ano de grave pandemia. Naquela reunião do diretório estadual, eu falei como médico que seria uma irresponsabilidade mantermos o calendário de reuniões propostas que iniciariam na semana seguinte. O presidente questionou-me contrário, mas dois dias depois voltou atrás e como se fosse apenas dele, decidiu pela suspensão da agenda de reuniões. Decisão correta, pois viria uma grave acentuação dos contágios e mortes.

Qual a finalidade das prévias propostas pelo deputado Peninha? Mobilização, motivação, abraços, ideias, propostas, congraçamento, enfim, discutir o MDB e Santa Catarina! As reuniões são frias, esvaziadas, com cotas de presença, Dário, Antídio e Celso falando para eles mesmos sem ânimo, tudo ao contrário das nossas reuniões e da história da construção do maior partido de SC. O momento é desagregador e o partido tem que tomar posição, através de suas bancadas e líderes.


Schettini: Vai haver racha se Carlos Moisés disputar a reeleição?

Pinho Moreira: O governador certamente tomará suas decisões políticas e administrativas, pelo partido dele.


Schettini: Não seria mais curto o MDB decidir por apoiar Carlos Moisés?

Pinho Moreira: Não acredito nessa hipótese.

Schettini: Celso Maldaner, Dário Berger e Antídio Lunelli travam uma guerra por espaço. Quem ganha ou perde neste jogo?

Pinho Moreira: Nesse momento, perde o MDB como um todo pela exposição desnecessária. O fato é que o nosso partido está sem líderes com consistência e preparo (tínhamos Pedro Ivo, Paulo Afonso, Luiz Henrique). Davam o rumo e seguíamos, às vezes errados, mas seguíamos. O líder não acerta sempre, mas lidera. Cada um por si tem sido a tônica hoje.


Schettini: Qual o melhor rumo para os ulyssistas apoiarem em 2022? Jair Bolsonaro, Lula da Silva ou João Doria?

Pinho Moreira: Tem uma máxima que diz que o correto nunca está nos extremos. Vivemos de novo esse momento. O nome de centro não aparece com consistência e a disputa entre extremos se avizinha. Acho que o Bolsonaro cumpriu sua parte exercendo sua maior qualidade, a coragem. De fato, é corajoso, mas deu, precisamos de inteligência, paz e tranquilidade. O Brasil é muito viável, chega de bravatas!

Schettini: Como o Sr. vê a democracia? O país está em perigo institucional?

Pinho Moreira: Segundo o general Santos Cruz, tem gente estimulando o fanatismo e a desmoralização das instituições. Mas creio nas nossas instituições e no equilíbrio do povo brasileiro, que saberá escolher no momento certo e de forma correta, mantendo a democracia conquistada com participação forte do MDB. A democracia e segurança jurídica são fundamentais para o nosso futuro.


Schettini: Se fosse possível corrigir 2018, o que o Sr. mudaria?

Pinho Moreira: Difícil responder. Acho que diferente do Rio Grande do Sul e do Paraná, deixamos desejos pessoais sobreporem-se ao coletivo e então demos espaço para o imponderável.


Schettini: Qual sua chapa ideal para eleição do ano que vem?

Pinho Moreira: Está longe, então as conversas não evoluem. Surgirão nomes ao natural, acho que não longe daqueles colocados até agora.


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